quarta-feira, 10 de outubro de 2007

A Cidadela, por A.J. Cronin

A Cidadela, livro publicado pela primeira vez em 1937, da autoria do britânico A.J. Cronin, é uma obra-chave da literatura médica. Este romance, com algumas referências autobiográficas, narra a história de Andrew Mason, um jovem médico que, apenas terminado o curso, inicia o seu percurso profissional na industrializada Grã-Bretanha dos anos 30. O enredo é simples: Andrew parte para o País de Gales, onde inicia a sua prática como ajudante do velho médico de uma pequena aldeia mineira, Blaenelly. Confrontado com as terríveis condições de trabalho dos mineiros e com a saúde da comunidade, na qual os casos de febre tifóide se multiplicam, o Dr. Mason dedica-se de forma intensa aos seus doentes, pondo em prática todo o idealismo de um jovem médico. Casa-se com Christine, uma professora que o ajuda nos seus trabalhos de investigação acerca da silicose, patologia respiratória muito frequente em quem trabalhava nas minas.
Mais tarde, o casal parte para Londres. Na grande cidade, Andrew entra em contacto com a classe médica conceituada e poderosa que, vivendo da actividade privada, se dedica exclusivamente ao tratamento dos mais ricos. Enriquecer é fácil. Injecções de água são pagas a peso de ouro por "doentes" que de nada padecem, mas julgam e querem padecer. O protagonista, ao contrário do esperado, acaba por envolver-se nestes esquemas de dinheiro fácil, abandonando os princípios que até aí o haviam caracterizado. O seu idealismo transforma-se em cinismo e a exploração dos mais ricos substitui a dedicação aos mais necessitados. Até que um dia, enquanto assiste um cirurgião de renome, algo corre mal...

Muito criticada pela classe médica da época, A Cidadela, publicada em Portugal pela Europa-América, ecoa o drama das escolhas éticas na prática da medicina. Uma narrativa que mantém toda a actualidade, ou não fosse o confronto entre integridade profissional e tentações materialistas ainda uma preocupação dos nossos dias.

King Vidor adaptou a obra ao cinema, num filme de 1938, que já passou na Cinemateca Portuguesa, em Lisboa.

PS: Referência também a Olhai os lírios dos campos, obra na qual Érico Veríssimo aborda o mesmo tema.

Um comentário:

Anônimo disse...

deviam ser de leitura obrigatória, os dois, a par dos quilómetros de texto cuspidos nos rouviéres e harrisons da vida